21 de set. de 2010

Cada autor no seu quadrado.. ado-a-ado

Quem assisti telenovela ou qualquer outro programa de metalinguagem que fale de televisão conhece que autor escreve o quê. É inegável que cada um tem seu estilo próprio no quesito composição de uma trama melodramática e as diferenças/especificações só tendem a crescer a partir do momento que o autor passa a ganhar notoriedade na emissora ao qual pertence.

E os meus indicados são:






Manoel Carlos, o famoso Maneco: extremamente conhecido por ser o homem que já deu vida há inúmeras Helenas e por fazer do Leblon o seu palco para desenrolar suas tramas quase sempre de horário nobre. Maneco sempre foi conhecido por conseguir expressar através de suas histórias e personagens o cotidiano das relações interpessoais e por tratar de temas que ajudam a conscientizar e esclarecer dúvidas de muitos cidadãos brasileiros. O foco central de suas histórias sempre foi a família e como as relações se constroem a partir do papel do indivíduo na sociedade. As tramas mais recentes do autor trataram de assuntos como leucemia, câncer de mama, alcoolismo, violência contra mulher e crianças, deficiência física, racismo, prostituição, Síndrome de Down, anorexia e bulimia. No total Manoel Carlos já esteve como autor em 21 novelas, 4 minisséries, 8 seriados e musicais. A mulher sempre foi o ponto central de suas tramas e é praticamente impossível não se emocionar com suas histórias. Não posso negar que me emocionei e chorei em inúmeras cenas!! E como não se apaixonar pelas muitas das Mulheres Apaixonadas de Maneco!?


Glória Perez, é a autora mais famosa pós-Janete Clair (faço aqui uma referência de gênero), popular por trabalhar sempre a relação entre a cultura brasileira e uma estrangeira. Já fomos ao Marrocos, aos Estados Unidos, a Índia e descobrimos mais sobre a cultura cigana. As tramas da acrense são as mais conhecidas por criar bordões que se espalham pelo país: “Are, Baba”; “Namastê”; “Inshalá” e ”Né brinquedo, não” são os mais conhecidos. As novelas de Glória Perez conseguem nos transportar para as culturas que abordam. Quem nunca se viu nas areias do deserto do Marrocos junto com os gêmeos Diogo e Lucas – Murílo Benício - ou não se viu no papel de Jade – Giovanna Antonelli - e fazendo a sua famosa dança do ventre. E quem não teve pena da coitada da Sol –Débora Secco - que queria entra nos EUA pelo México atraída pelo sonho americano , foi presa e teve que casar por conveniência – para ser mais específica, ela pagou pelo marido - para conseguir o bendito greencard. É também em América, novela de 2005 foi gravado o 1º beijo gay da telenovela, entretanto não foi ao ar, por decisão da emissora e por pressão de inúmeras vertentes da sociedade.


Gilberto Braga é o autor que mais diversifica na suas produções. É responsável pela novela de maior exportação da telenovela brasileira, a Escrava Isaura. Fez Dancin´Days e Vale Tudo tramas que trouxeram protagonistas fortes, batalhadoras e bem mais humanas e ainda propagou um grande mistério, “Quem matou Odete Hoithman?”. A última novela de Gilberto Braga foi em 2007, o sucesso foi Paraíso Tropical. A trama do horário nobre que revelou para o grande público um excelente ator baiano, o Wagner Moura. Não foi a sua estréia global, pois ele já havia participado da novela de Miguel Falabella, A Lua me Disse, na história em questão o papel de Wagner era o moçinho Gustavo Bogari. O casal sensação da trama foi a sempre moçinha Camila Pitanga no papel da garota de programa Bebel e o grande vilão da trama ficou por conta de Wagner Moura. A aceitação do público ao casal foi tão grande quando a química que se estabeleceu entre os dois atores. É o meu casal preferido dos últimos 5 anos de novela.


Silvio de Abreu, o autor das mortes misteriosas. Daquelas que todo mundo quer saber, que o país inteiro comenta e que só é revelava no final da trama. Quem não morreu de curiosidade para saber quem era o assassino da novela que mais morreu gente da tv, A Próxima Vítima, ao fim dos quase 8 meses da novela foram ao total 10 mortos. E mesmo na reprise do Vale a Pena Ver de Novo, todos tiveram uma surpresa já que o autor em 1995 gravou dois finais e nessa reapresentação resolveu optar por um final diferente. Autor da atual trama global do horário nobre, Passione, a novela de Sílvio demorou bastante para emplacar, na verdade só nas últimas 2 semanas quando a vilã Clara – Mariana Ximenes – passou a sofrer as conseqüências das suas vilanias é que a trama aumentou a sua audiência, houve dias em que a trama das 18h superar consecutivamente Passione. Entretanto, com a possível revelação de um dos grandes mistérios da trama, o que Gerson – Marcelo Antony – tanto ver naquele computador, talvez ajude a melhorar e manter a audiência.


Lembra-se daquelas tramas mais loucas em que personagens somem e aparecem sem nenhum receio do autor em causar traumas nas cabeças dos telespectadores tão doutrinados na continuidade da telenovela? Pois bem, o rei dessa magia é o Carlos Lombardi. Se você estiver assistindo uma novela, às 19h, e no decorrer das cenas aparecerem os atores Marcos Pasquim, Danielle Winits, Humberto Martins, Adriana Esteves, os homens sempre muito malhados com o peitoral sempre peludo a mostra, viris e transpirando sexo. Rá, seja bem vindo a loucura Lombardina! Creio que Kubanacan foi a ápice de enredo não-linear. A história se passava em uma ilha supostamente localizada no Caribe, a língua oficial era o espanhol e o principal produto de exportação era banana. A trama teve três fases e nos decorrer dos oito meses de exibição os personagens surgiam do nada, eram apresentados ao público e muitas vezes mudavam de papel no decorrer da história e surgia com uma nova identidade, por problemas de amnésia ou por conveniência da trama. Ninguém se entendia e até hoje muitos críticos tentam entender como a novela consegui emplacar e alcançar o sucesso. E quem não se recorda do Tarzan brasileiro vivido pelo Cláudio Heinrich e dos milhares de noivos que a desvairada da Bionda – Mariana Ximenes - abandonou no altar tudo isso em Uga Uga. Se quiser diversão sem se preocupar onde tudo vai parar, se achegue.


A melhor de todos os tempos, a que não chegou a estreiar por causa da censura, que chegou ao fim no mesmo ano em que eu nasci. A que também vai virar filme.. Roque Santeiro. Quem não é louca.. desesperada pela trama de Aguinaldo Silva e Dias Gomes, que se passar na cidadezinha de Asa Branca e conta com personagens memoráveis como Sinhozinho Malta, a Viúva Porcina a "que era sem nunca ter sido"– para mim sempre será o melhor personagem da Regina Duarte – Zé das Medalhas, o lobisomem, a viúva virgem, Dona Pombinha, personagens que não se esquece com tanta facilidade. Sou fã declarada, tenho que assumir. Mas, voltando ao autor Aguinaldo Silva, ele foi autor de novelas memoráveis com vilãs sempre gloriosas. O que falar da Nasa – Renata Sorrah - aquela que te leva pra lua!? E a nossa Greenville de A Indomada, com seu chá das cinco e seus termos em inglês e a maravilhosa Eva Wilma como Maria Altiva Pedreira de Mendonça e Albuquerque. Suas duas últimas novelas tiveram uma média geral de 52 pontos – Duas Caras – e 50,4 pontos – Senhora do Destino –, desde então nenhum trama do horário nobre consegui manter esse nível. Preciso dizer mais alguma coisa!?


A cereja do bolo, a novidade em questão são os autores Elizabeth Jhin e João Emanuel Carneiro. A Elizabeth é responsável por dá as tramas das 18h um retorno grandioso da audiência e sem fugir para a tradicional novela de época, algo que estava ficando recorrente na Globo. Se não era novela de época a trama não emplacava e terminava com baixas de audiência e pouco retorno do público. Não se pode negar o sucesso de Escritos nas Estrelas (veja aqui o meu post sobre espiritualidade na tv), trama que trata de espiritualidade e vida após a morte. Já João é sem dúvida um dos autores mais transgressores dessa nova geração. O autor é responsável pela A Favorita, trama que inovou em iniciar sua história sem definir para o público a sua vilã e a sua moçinha, trouxe como protagonistas duas mulheres e não o famoso casal 20 de sempre, revelou após 52 capítulos o “maior segredo” da trama, mais só para o público. Pode-se dizer que ele fez uma novela policial e com um suspense que há muito tempo não se vê na televisão. Só nos resta esperar para ver o que mais eles nos apresentaram nos próximos anos.. Elizabeth Jhin já falou da sua vontade de continuar a produzir novelas que tenha a espiritualidade como ponto principal e João Emanuel Carneiro esta na produção da minissérie A Cura, que vem sendo muito aclamada pela crítica e com excelentes níveis de audiência.


Se vocês porventura, acharem que puxei o fogo para a sardinha das telenovelas globais, eu só lamento pelas outras emissoras não terem autores como eles. E tenho dito!!

Recomendo: