Unanimidade
entre crianças e adultos, gregos e troianos, Rebelde é a principal e melhor
trama teen da atualidade. A história é originalmente mexicana, escrita por Cris
Morena, produzida pela Televisa, e transmitida no Brasil pelo SBT, de 2005 a
2006. Não precisa ser jovem ou criança para se apaixonar pelos personagens,
suas histórias e angústias. Acompanho a trama, vejo e revejo minhas cenas
preferidas no Youtube, gosto e preciso alimentar o meu lado juvenil, que nos
transforma em eternos desbravadores.
A trama conta a história de seis jovens que após se conhecerem no
colégio e descobrirem o amor pela música, resolvem montar uma banda, que dá
título a novela. Como pano de fundo, um colégio rigoroso, praticamente um
internato, que até apóia a arte, mas, a erudita. Além disso, garotos e garotas
que passam por questões comuns a sua idade, atritos familiares, descoberta da
sexualidade, busca pelo autoconhecimento.
O sucesso de Rebelde era certo, essa foi umas das melhores apostas
da Record, o Brasil estava carente de telenovelas que busca-se o diálogo com
diversas faixas etárias. Chiquititas alimentou por muito tempo a imaginação dos
brasileirinhos, no meio disso encontrávamos Malhação, que supria a necessidade
dos adolescentes que finalmente descobriam que crescer nem sempre traz
facilidades. Nessa época, éramos bem servidos de histórias e personagens. Todavia,
como nem tudo dura para sempre, Chiquititas acabou e Malhação capenga até hoje
na tela global, a cada temporada só aumenta o índice de rejeição, acredito que
não adianta mais repaginar, deveria parar e começar do zero, outro formato ou
quem sabe outro tipo de programa.
Nesse deserto de tramas teens, Rebelde chega, convence e se firma,
traz personagens comuns e de fácil identificação para os jovens, com isso, a
audiência só cresce, com razão. Na seara dos personagens, casais se formaram e
desfizeram, foi discutido alcoolismo na adolescência, a primeira vez,
transtornos alimentares, drogas e afins. É o velho e bom papel social da
teledramaturgia. E chega ao fim a primeira e consagrada temporada. Já no início
da segunda fase, vemos novos personagens e o motivo que me fez escrever esse
texto, a grande novidade de Rebelde 2012, é o RPG. Role-playing game, que em
português significa "jogo de interpretação de personagens" é um tipo
de jogo em que os jogadores assumem os papéis de personagens e criam narrativas
colaborativamente.
Os atuais vilões Miguel e Lucy recrutaram os rebeldes, e os
“ex-vilões”, Binho e Pilar se contrapõe, e assim se estabelece a luta entre
vampiros e lobisomens. Momento de reflexão do leitor, sim, a saga Crepúsculo de
Stephenie Meyer, foi a primeira coisa que me veio a mente ao ler essas
novidades no R7. A novidade é de verdade nova (perdoem-me a redundância,
entretanto, senti a necessidade de um exagero). Muitos fãs vêm expressando o
seu desagrado com os rumos da trama teen, alguns estão inconformados, criticam
a novela e afirmam que o RPG a destruiu e por ai vai.
Admito, logo a princípio odiei, detestei imaginar que uma trama
latino-americana iria sucumbir à febre mundial e perder sua originalidade.
Contudo, passado os primeiros 15 dias de “não assisto mais” e “eles estão
copiando Crepúsculo”, parei de lutar contra o novo e percebi que tudo continua
lá, o melodrama, os casais que adotamos, os dramalhões para lá de mexicanos, as
nossas gírias e os amores. Passado o momento de aceitação, sugiro a todos que
dêem uma segunda chance, quem ainda não viu e amava Chiquititas, dê uma
espiada, e crianças.. esses beijos são quentes demais para vocês.