
Semana passada, vi alguém comentando no twitter a guerra de comida no café da amanhã entre o casal Jacques Leclair e Clotilde – Alexandre Borges e Juliana Alves - de Ti Ti Ti. A indagação era se a cena tinha a intenção de homenagear a mais conhecida batalha de comidas que aconteceu entre a Fernanda Montenegro e o Paulo Autran em Guerra dos Sexos. (cena clássica da televisão brasileira)
Lendo o tweet me lembrei da célebre citação do Antoine-Laurent de Lavoisier: "Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”/copia. Sim, copiar nem sempre é sinônimo de algo negativo, ainda mais num produto como a telenovela que existe há a quase 60 anos e que opera a partir do reconhecimento do telespectador.
A certeza que o copiar ou até mesmo o refazer vem dando certo, são os inúmeros remakes que a Globo, principal produtora de teleficção nacional, vem fazendo nos últimos 15 anos. Suas tramas das 18h só têm emplacado com histórias revisitadas e a única a fugir desse carma foi a recente Escrito nas Estrelas da Elisabeth Jhin. O restante não conseguiu manter a audiência e algumas foram até encurtadas.
A atual prova viva de que novelas antigas fazem o maior sucesso, é o remake de Ti Ti Ti, no horário das 19h, uma adaptação da Maria Adelaide Amaral de duas telenovelas do Cassiano Gabus Mendes, a Plumas e Paetês de 1980/81 e Ti Ti Ti de 1985/86.
A trama que mescla o romântico triângulo amoroso entre Marcela, Renato e Edgar a desmedida guerra entre Ariclenes Martins e André Spina, inimigos desde a infância que passam a competir no mundo da moda. O Ariclenes travestido de Victor Valentim, um espanhol pra lá de paraguaio que produz através dos desenhos de uma paciente com problemas mentais e André que adota a marca Jacques Leclair, um nome com o toque francês, que só convence as suas clientes tidas como “suburbanas”.
A união das tramas que tem como pano de fundo o mundo da moda caiu como uma luva em um horário que vinha tendo problemas com a fracassa “Tempos Modernos”. O meu destaque mais que especial vai para a Cláudia Raia no papel da Jaqueline Maldonado. Tem muito tempo que não via a Cláudia fazer um personagem cômico e tão sentimental ao mesmo tempo. Não se pode negar que ela nasceu para a comédia. E a cena em que ela aparece dançando Ilare Lariê numa festa dos anos 80, acompanhada do Jacques logo nos primeiros capítulos está impagável. O trio Murilo Benício, Alexandre Borges e Cláudia Raia merece no mínimo 50% dos méritos do sucesso deste remake.
A parcela romântica e que nos faz suspirar ficou sob a responsabilidade do belo casal Marcela Andrade e Edgar Sampaio – Ísis Valverde e Caio Castro – que aos trancos e barrancos se apaixonaram, passaram a viver uma relação quase que clandestina e quando todos acreditavam que o casal seria feliz para sempre, eis que surge o também galã Renato Vila – Guilherme Winter – e retoma as atenções da moça.
A trama chegará ao fim em março e levará com ela os louros de alcançar o sucesso de público e crítica, tendo a certeza que sempre será uma das mais pedidas no Vale a Pena Ver de Novo.