8 de fev. de 2012

A política da teledramaturgia




Há muitos anos ouvimos dizer que o fim da telenovela está próximo, que são sempre as mesmas histórias, que o público já não agüenta mais o formato de moçinhos versus vilões e enredos água com açúcar. De fato, a audiência diminuiu e a internet possibilitou construir a nossa hora de assistir TV, e com isso, deixamos de lado à obrigatoriedade de estar no sofá naquele horário específico.

Com as mudanças, as principais emissoras do nosso país também passaram a inovar na sua teledramaturgia. Neste texto, vou falar da dramaturgia da segunda maior emissora brasileira, que já se equiparou no que diz respeito ao telejornalismo, credibilidade e entretenimento. Todavia, o melodrama era algo que deixava a desejar, aquela pedra no sapato da TV de Edir Macedo.

A Record chegou a produzir novelas que saíram do ar sem um fim, como Metamorphoses, as séries tinham data para começar, mas, não se sabia quando terminavam. A emissora demorou à fidelizar telespectadores e convencê-los que suas histórias eram “confiáveis” e com uma continuidade respeitável.

Nessas experimentações, a Record encontrou um grande filão inexplorado pela rainha da teledramaturgia latino americana, a Globo. Hoje, a emissora de Edir Macedo vem apostando em minisséries com histórias “bíblicas”. A primeira foi A História de Ester lançada em março de 2010,  trama que se passa por volta de 400 anos a.C, na antiga Pérsia, onde hoje é o Irã, e tem como tema principal a história de amor entre uma mulher do povo judeu, Ester/Hadassa (Gabriela Durlo) e o rei Assuero (Marcos Pitombo). Apesar do horário e da baixa qualidade estética, a história rendeu uma excelente audiência a Record. Logo na sequência, em janeiro de 2011, foi à vez de Sansão e Dalila saírem do Livro de Juízes (Velho Testamento) diretamente para os lares brasileiros apresentando a história de Sansão, um israelita, líder do povo hebreus, dotado de grande força. Sansão é traído por Dalila, mulher por quem se apaixona, e que ao descobrir o poder de seus cabelos, o entrega aos inimigos filisteus. Apesar dos avanços, a trama ainda apresentou amadorismo no que diz respeito às cenas de lutas.

No início de 2012, a Record continuou focada em histórias bíblicas e resolveu revisitar, a partir de 24 de janeiro, em Belém, a vida de Rei Davi. Com texto de Vivian de Oliveira e direção geral de Edson Spinello, a minissérie de 29 capítulos conta a história de Davi, um jovem pastor de ovelhas, o mais novo de sete irmãos que derrotou o temível gigante Golias e transformou as doze tribos de Israel em uma grande nação. Com o passar dos anos, se tornou um homem polêmico, um herói valente e destemido, senhor da guerra, libertador de seu povo e, ao mesmo tempo, um artista generoso, sensível, poeta, músico.

Fora a quebra de braço de audiências, é fato que a Record evoluiu e passou a  apresentar tramas elaboradas e esteticamente mais bonitas. Contudo, não podemos esquecer que existi uma briga incessante por poder e a teledramaturgia é mais uma janela para presenciarmos uma luta de emissoras poderosas. Imaginar é um máximo, escrever um melodrama é maravilhoso, só não podemos perder de vista que nem tudo é a vera. 

2 comentários:

Uil disse...

Realmente, pra quem gosta de boa história em detrimento da questão estética é uma boa alternativa. Concordo com você na questão temporal...o fato de ter tempo delimitado ajudou muito a record mas, de fato series por natureza tem essa vantagem sobre novelas. Essas são mais objetivas e sem enrolação.

Danielle Antão disse...

Acho que rolou um ruído, quando falo de tempo, me refiro a maturação da emissora em produzir teledramaturgia. Mas sim, é mais difícil errar com séries!